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Investir no agronegócio brasileiro parece uma escolha natural: o país é um dos maiores produtores mundiais de grãos, carnes e fibras. No entanto, para muitos investidores estrangeiros, o cenário ainda inspira cautela. Apesar da relevância econômica, fatores estruturais, jurídicos e reputacionais continuam sendo barreiras para o fluxo de capital internacional.
Este artigo investiga as causas desse receio e aponta caminhos possíveis para reverter essa percepção. Vamos conferir?
Insegurança jurídica e conflitos fundiários
A ausência de segurança jurídica sobre a posse de terras ainda é um entrave significativo. Muitas áreas rurais brasileiras enfrentam disputas fundiárias, falta de titulação ou histórico de ocupação irregular. Para investidores estrangeiros, que prezam por estabilidade e regras claras, esse cenário representa um risco elevado e um obstáculo à entrada de recursos no setor.
Pressões ambientais e imagem internacional
A imagem do agro brasileiro no exterior está diretamente ligada à questão ambiental. Casos de desmatamento na Amazônia e no Cerrado afetam a reputação do país junto a fundos de investimento com critérios ESG (Ambiental, Social e Governança). Projetos que não comprovam práticas sustentáveis ou rastreabilidade na cadeia produtiva são, muitas vezes, descartados por esses investidores.
Volatilidade cambial e risco-país
A instabilidade econômica e política brasileira contribui para o aumento do chamado “risco-país”. Investidores internacionais, ao avaliar oportunidades no Brasil, consideram a volatilidade do real frente ao dólar, os riscos fiscais e o histórico de intervenções econômicas. Isso eleva o custo de capital e reduz a atratividade do setor agro.
Infraestrutura logística deficiente
Embora o Brasil tenha alta produtividade agrícola, o escoamento da produção é prejudicado por gargalos logísticos. Portos ineficientes, estradas deterioradas e ferrovias limitadas impactam diretamente a competitividade dos produtos brasileiros. Investidores que comparam o Brasil a outros países produtores encontram aqui um risco logístico que pode comprometer os retornos.
Complexidade tributária
A legislação tributária brasileira é uma das mais complexas do mundo. A sobreposição de regras federais, estaduais e municipais, somada à instabilidade normativa, gera insegurança jurídica e dificulta o planejamento de longo prazo. Para o investidor estrangeiro, essa imprevisibilidade se traduz em cautela e, muitas vezes, desistência.
Falta de transparência e profissionalização
Apesar dos avanços no setor, ainda há produtores e regiões com baixa governança corporativa. A ausência de dados confiáveis, auditorias regulares e relatórios financeiros transparentes limita o acesso a capital estrangeiro, que exige padrões elevados de compliance.
Caminhos para atrair mais investimento estrangeiro
O agro brasileiro tem potencial para liderar a nova economia verde e alimentar o mundo de forma sustentável. Para isso, é fundamental:
- Fortalecer a segurança jurídica das terras agrícolas, com políticas claras e digitalizadas de regularização fundiária;
- Apostar na rastreabilidade e em certificações ambientais, atendendo à crescente demanda por práticas ESG;
- Investir em infraestrutura multimodal, por meio de parcerias público-privadas e concessões inteligentes;
- Simplificar e estabilizar o sistema tributário, criando um ambiente mais amigável aos negócios;
- Ampliar a transparência e a governança, com foco em relatórios auditáveis, comunicação clara e métricas de desempenho.
O agronegócio brasileiro é um gigante global. No entanto, para transformar seu potencial em liderança internacional sólida, é preciso eliminar as barreiras que afastam os investidores estrangeiros. Governança, sustentabilidade, segurança jurídica e infraestrutura não são apenas exigências — são o caminho para um agro mais competitivo, moderno e confiável.
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